Páginas

sábado, 3 de julho de 2010

A FERA BELA ou a BELA FERA

Vampiras, Vamps e Femme Fatalles ao longo da produção cultural - Parte 01

Texto por Lord A:.

O termo "Vamp", derivado de vampiro que derivava, se criava ou se inspirava no "Uppyr" - como "não-convertido ao monoteismo católico", "não merecedor e cidadão de segunda categoria", "adeptos de antigas religiões de cunho xamânico" no século X do norte europeu e também da Bulgária - foi originalmente usado no começo do cinema para designar um tipo de personagem especificamente feminino - que retratava originalmente uma mulher voluptuosa, amoral (no sentido de não possuir noções de moral compatíveis ou sustentáveis com a de seu tempo - algo como a "Fera Bela"), estrangeira, as vezes de viés oriental da europa, sensual e poderosa. O começo do século XX não era uma época propícia para as mulheres e idéias de feminismo, sagrado feminino e de independência ainda eram pouco praticadas - se não desconhecidas ainda.


Theda Bara - Cleopatra (1917)


O começo do século XX era uma época exarcebadamente patriarcal e o futuro feminino de bom grado era casar-se, gerar filhos e cuidar da casa. Qualquer mulher além deste paradigma era considerada meretriz ou indigna de confiança e de credibilidade entre o "populacho". Por aí, em termos de Brasil. ouvia-se muitos tipos de insinuações como a mulher que não usasse o cabelo dividido em dois, ou que tivesse as sombrancelhas vincadas (quase formando uma sombrancelha só) eram meretrizes ou mulheres que destruiam homens e por aí o bonde seguia seus trilhos nas novas luzes elétricas dos centros urbanos.

Quando temos épocas de costumes e comportamentos encouraçados, temos intolerância, temos anjos por toda parte e o triplo de demônios. E quando os demônios começam a sumir, os anjos também desaparecem. Afinal de conta em tempos assim tudo é dicotomizado e bipolarizado em termos de bem e do mal. A ambiguidade, o aprofundamento e o simples conhecer um pouco mais - são heresias assumidas e punidas com a expulsão e certamente a inferiorização social. Em outras palavras, traumas, tragédias, violência, intolerância, preconceito e outros radicalismos. Isso gera um movimento compensatório, normalmente radical e que inicialmente (igualmente violento) faz um contraponto ao opositor com os mesmos ideários e com um enfoque que privilegie o grupo que revoluciona.

Alguns grupos como veremos, transcendem o conjunto a que estavam submetidos e percebem que não precisam se comportarem ou sustentarem o polo oposto do grupo a que se opunham. Assim abrem caminhos e um aprofundamento em seus valores, e aos poucos vão se libertando dos ranços que estiveram submetidos.Mas até este momento as artes, a cultura e o "populacho" irão criar suas interpretações "moralizantes" e denunciatórias. Todavia sempre fica algo que nos ajuda a olharmos para esses períodos e compreender melhor com as informações que temos hoje.


Theda Bara - Marilyn Monroe


Neste caso temos excessos dos dois lados. Só que com o tempo, pesquisa e aprofundamento podemos dissolver os estereótipos criados pela cultura dominante e gota a gota, vamos presenciando o surgimento de algo mais natural - que foi criminalmente recoberto e afogado por litros e litros de medo de mudança, intolerância, falta de interesse e terror de que a própria natureza revele que moldes e modelos rigidos, são apenas cascões temporários e artificiais fadados a exposição... Alguns úteis, objetivos e necessários - enquanto que outros caem mais tempo ou menos tempo - assim como tudo aquilo que não é natural e mecânico.

Quando falamos de termos como "Vampe" ou "vamp" é assim também. O termo ganhou forma, modelo, substância com uma atriz do cinema mudo chamada Theda Bara. Seu nome era um trocadilho com "Arab Death" (morte árabe) e tratava-se de uma criação de marketing dos estúdios FOX do começo do século XX.

Seu nome real era Theodosia Goodman e havia nascido em Cincinnatti nos Estados Unidos e juntamente com a Fox inventou uma poderosa imagem pública - daquelas que a confundia com as personagens interpretadas por ela. Piteira, vestidos cuidadosamente modelados, pele alva, cabelos negros, unhas negras em forma de garra, fingia não falar inglês e andava sempre com seu guarda-costas africano em uma limousine branca.



Theda Bara - Cleopatra


Os estúdios FOX sorrateiramente soltavam na imprensa notas sobre seu passado inventado como filha de um exótico casal, que ela havia sido amamentada por veneno de cobra na infância e que havia ido embora de sua terra, devido ao fatos dos homens se matarem por ela. Segundo o Gordon Melton no Livro dos Vampiros toda campanha de estabelecimento de marca de Theda Bara era inspirada nas lendas católicas relacionadas a uma certa condessa que viveu na Hungria chamada Erzebeeth Bathory - esta conhecida por uma intensa sexualidade e pelas acusações de banhar-se no sangue de mulheres virgens de suas terras.

________________________________

Em breve, você acompanhará mais deste documento genuíno sobre as nossas tão queridas "vampiras".

Um comentário: