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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Liz Vamp - Liz Marins e o Dia dos Vampiros

É Lei. Dia 13 de agosto é o “Dia dos Vampiros”.


Mas que diacho é isso? Um dia dos vampiros que é lei?
Parece até brincadeira, mas de brincadeira não tem nada! O "Dia dos Vampiros", lei na cidade de São Paulo, é um dia consciente, onde a doação de sangue é o foco principal.
Outras bandeiras igualmente importantes levantadas são a luta contra discriminação e preconceitos e o incentivo à diversidade artística.

Conversei hoje com a idealizadora, a atriz e cineasta, Liz Marins, dona da personagem conhecida no mundo inteiro, Liz Vamp. Conheçam um pouco sobre esta talentosa e ativista defensora dos direitos artísticos. Confiram o bate-papo saindo do forno!


Liz Vamp - Vampira da Era de Aquário

Tendo em vista o modo como os escritores de literatura fantástica são tratados por alguns veículos, perguntei como ela reage à mídia sensacionalista e o que acha dessa postura que desacredita os profissionais brasileiros e endeusa pessoas com, por vezes, menor talento, mas que tem a ‘vantagem’ de serem estrangeiros.

Liz: Muito da alienação cultural é de responsabilidade da mídia. Elegem as culturas ‘de bunda’ e dão atenção focalizada apenas para isso, esquecendo os reais artistas e colocando em terceira categoria.
Em matérias de 10 folhas sobre o ‘Crepúsculo’, citam em uma linha dois ou três autores brasileiros ‘só para constar’, quando o que deveriam era se aprofundar nestes autores.
Esquecem dos talentos verdadeiros aqui.
Sobre a mídia sensacionalista, eles querem que os artistas tenham alguma patologia que justifique o ‘lugar’ onde estão (escrevendo sobre vampiros e literatura fantástica em geral). Já me pediram para fazer coisas estranhas (o que eu não fiz) e quando poderiam melhor aproveitar a entrevista. com coisas úteis. O maior problema ainda é a edição, eles procuram deturpar o que a falamos para que possamos parecer mais estranhos. Até chegar o dia em que meu pai foi reconhecido fora do Brasil, onde hoje ele é lenda, foi tido como um estranho. Depois, os mesmo pseudo-intelectuais que o criticavam, reconheceram-no e tiravam os chapéus para ele.


Liz Marins e José Mojica Marins - Liz Vamp e Zé do Caixão


Todo o visual acaba deixando as pessoas pensando que a atriz e a personagem são uma só...

Liz: Gostos excêntricos todos podem ter. Bota e chapéu é excêntrico, se você mora no Brasil. Na Holanda seria confundida com qualquer pessoa normal na rua. Não sou vaquinha de presépio nem gado marcado, para ter que ser e me comportar igualzinho aos outros.

Defendo a liberdade de sermos o que quisermos ser. Não é obrigatório andar do mesmo jeito todos os dias. Se eu quiser colocar camiseta e calça jeans, eu vou fazer isso. Defendo ser o que quiser, quando quiser, dentro da liberdade de expressão. Contra rótulos e preconceitos.

O que vale não é apenas levantar bandeira não só no “Dia dos Vampiros”, mas sim na vida inteira. Fazer do ato um habito.

Não divulgo em causa própria. Padres pedófilos e médicos vestidos de branco, onde estes se encaixam quando dizem que pessoas ‘tatuadas de preto’ têm tendências ao mau comportamento? Tanto um quanto o outro pode ser bom ou mal.

A mídia é formadora de opinião. São responsáveis SIM.

Sobre os críticos, é fácil apontar. Difícil é fazer. Às vezes me estresso um pouco, atuar pelo bem não é fácil. Não somos bem vistos por fazer o bem.
As pessoas sempre pensam que estamos fazendo por algum motivo obscuro, pois elas mesmas não fariam o bem simplesmente por fazer, então não acreditam que alguém possa fazer.
Não aceitam que algumas pessoas possam SIM estar em outro patamar de evolução, no patamar de não pensar só no próprio umbigo. ‘Se não sou capaz, ela também não é’. É isso que pensam.


O longa-metragem no qual você está trabalhando, em qual estágio se encontra?

Liz: O longa-metragem por enquanto está parado por falta de recursos. Tenho muitas pessoas talentosas que me procuram para participar do longa, mas por ainda não estar encaixado na burocracia de leis para arrecadação de recursos, não posso dar continuidade.
Fazer curtas é muito bom, histórias imediatas, temos a idéia e logo ficam prontos. Vários curtas meus foram exibidos com boa aceitação no exterior, o que é legal, mas o que quero mesmo agora é produzir meu primeiro longa.
Como a história da personagem Liz Vamp é de uma personagem complexa, precisa de mais recurso [n.E.: com certeza, cheia de efeitos especiais, ficaria caro]. Então estou com outra história em vista que é mais fácil de fazer com pouco recurso.

Liz Vamp dando e exemplo e doando sangue


Você acabou de voltar da Eslovênia, não?

Liz: Fora do Brasil, o mercado é aberto, cheio de parcerias. Chegando por lá, uma moça nova, assessora, veio me parabenizar pelo dia dos Vampiros. Um dos organizadores do Festival me mandou um email esta semana, pois quer fazer um evento lá na Eslovênia sobre o Dia dos Vampiros.
Já importamos o Halloween, temos a Zombie Walk, tudo comemorativo.
Podemos exportar um dia de festas e também conscientização.
Fazer o bem é legal! Mas tem este estigma de ser chato. Algumas coisas na rotina do trabalho são chatas, mas tudo faz parte de um projeto maior que dá prazer. (como por exemplo, acordar cedo).
Precisamos parar com essa utopia do grão de areia. Pensar que pode contaminar outros grãos de areia e virar um batalhão! Juntam-se forças para uma guerra, porque não um exército do bem?


O ‘boom’ da saga Crepúsculo tem alavancado a carreira de vários escritores vampiricos e fantásticos no Brasil. Escritores que já tinham uma carreira neste ramo há anos e apenas agora estão aparecendo. O que acha disso?

Liz: Tudo que acontece que levante a aura do medo, as pessoas se entretêm. A única coisa que não gosto são as vertentes radicais. Ser obrigada a gostar disso ou daquilo.

Não li os livros, apenas vi o filme, e já me disseram que o filme deixa muito a desejar. Mas resenhei o filme para um veículo, apontei algumas características, e fui xingada por isso. Impor que todo mundo tem que ter o Edward Cullen como sonho de consumo é absurdo [n.e.: Também acho, o Jacob é muito mais legal]. Os fãs não estão preparados a aceitarem críticas. São radicais.
Já aconteceu febre vampírica outras vezes, como com a Anne Rice.[n.e.: Que hoje escreve sobre cristianismo, acreditem ou não, tentando se redimir do ‘passado’ ao que tudo parece.]

O ‘boom’ foi positivo, o único negativo é a padronização do gosto.
Aprecio respeito pelas opiniões divergentes e liberdade de expressão
Minha autenticidade ninguém tira. O autor tem liberdade criativa, e as pessoas têm a liberdade de gostar ou não. Respeito é fundamental.

Achei apenas que Sthephanie Meyer em alguns pontos tem visão que não corresponde com minha ótica de escritora de vampiros [n.e.: Nem a de ninguém que tenha um pouco de noção. Vampiros que brilham? Vamos combinar, não rola! Mas como um romance despretensioso é bem agradável].

Aqueles que criam um padrão e querem obrigar os outros a seguir serão vítimas dos padrões criados.


'Vampirada' do Cortejo Vampírico, passeata até o hemocentro

Falando em criação, desde quando existe a tua criação, o ‘Dia dos Vampiros’?

Liz: Foi aprovado em setembro de 2003. O primeiro ano efetivo como lei, foi 2004, já que o dia é 13 de agosto. Mas a idéia já tinha sido colocada em prática em 2002. Não fiquei esperando aprovação para movimentar. A data já chegou a bater recorde em doações voluntárias de sangue no maior hemocentro da América Latina.
É até engraçado virar lei o “Dia dos Vampiros” (pelo nome). A data é séria e cheia de significados e coisas boas com respaldo de bandeiras essenciais (liberdade de ser aquilo que quiser, liberdade artística) De todos e para todos.
Em algum momento a criadora pode até ser esquecida, mas espero que a data e seu significado nunca se percam!

___


No mesmo dia, 13 de agosto, inspirados pelo “Dia dos Vampiros”, a Bienal do livro estará realizando mesa redonda com vários escritores brasileiros. Fica a dica: Doar sangue de manhã, e de tarde passar pela Bienal.
Doar sangue é de graça, já para entrar na Bienal, não. E bem que a Bienal poderia fazer campanha ‘pró-doação’ também, ao invés de apenas se utilizar o ‘nome pop’ e ‘momento pop’ do entretenimento voltado ao mundo vampírico.

SERVIÇO:
Cortejo Vampírico: Concentração no vão livre do MASP na Avenida Paulista, São Paulo
Data: Dia dos Vampiros, 13 de agosto
Horário: 10:00hs

Se você não mora em São Paulo, ou mora e não poderá participar do Cortejo, vá até o hemocentro mais próximo de tua casa!
Doe! Faça a tua parte.

Site Oficial Dia dos Vampiros onde você encontrará muito mais informações sobre o dia e o mundo fantástico.

Fonte das fotos: Dia dos Vampiros






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